Opresidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, passa informações falsas sobre a crise dos Estados e municípios frente ao novo coronavírus. Em entrevista à revista Veja, Maia fez críticas incisivas a Guedes: "ele não é sério. Se fosse sério, não tentaria misturar a cabeça das pessoas".
Maia vem sendo alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados. Na quinta-feira, 16, Bolsonaro classificou a atuação de Maia como "péssima", afirmou que o deputado não parece querer "amenizar os problemas" da crise do coronavírus e sugeriu que a intenção do parlamentar é tirá-lo do governo, em entrevista à CNN Brasil.
O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi outro a criticar o presidente da Câmara. Chamando-o de "Botafogo", Carlos disse que Maia "ataca diariamente o Presidente nas entrelinhas" e que, quando recebe críticas, "incorpora a Madre Tereza". A hashtag #ForaMaia foi o assunto mais comentado do Twitter no Brasil na manhã desta sexta-feira, 17.
Em resposta, Maia afirmou que os ataques de Bolsonaro são uma tentativa do presidente de desviar o foco da demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. "Quando se tem uma notícia ruim como a demissão do Mandetta, ele quer mudar o tema da pauta", disse Maia, que cobrou respeito e equilíbrio ao dizer que o Parlamento vai "jogar flores" em resposta às "pedras" atiradas por Bolsonaro contra ele.
Na entrevista à revista, Maia disse que Bolsonaro minimizava o problema do coronavírus e que o "diagnóstico errado" da situação criou os problemas agora enfrentados pelo presidente. "Todos os conflitos partem de uma divergência dele com a maioria da sociedade brasileira. É uma coisa estranha porque parece que o Bolsonaro sai da posição de presidente e fica sendo o comentarista e crítico, como se não tivesse responsabilidade sobre determinada decisão ministerial."
Sobre Paulo Guedes, Maia disse não manter mais conversas com o ministro. Segundo declarou, Guedes também minimizou a crise e passou informações falsas à sociedade sobre os efeitos da crise nos Estados e municípios em decorrência do coronavírus. Foi neste momento da entrevista que o presidente da Câmara afirmou que o ministro "não é sério".
Maia ainda afirmou que Bolsonaro politiza a crise ao convocar manifestações contra governadores e outros políticos, acusou o presidente de ter as eleições como um objetivo permanente e disse que a rixa com os governadores é reflexo do pensamento em 2022.
Por fim, Maia se posicionou contrário ao adiamento das eleições, justificando que a medida poderia abrir uma brecha para perpetuação de mandatos no futuro e afirmou que há espaço para avançar com a reforma tributária a partir da segunda quinzena de maio, a depender do desenvolvimento da pandemia.
Reuters
Da Redação