A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira o ex-diretor da Dersa, estatal responsável pelas rodovias paulistas, Paulo Vieira de Souza na 60ª fase da operação Lava Jato, na qual também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente da Dersa e ao ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira.
Segundo o Ministério Público Federal no Paraná, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como operador financeiro do PSDB, atuou na lavagem de dinheiro para abastecer um esquema de propinas existente dentro da empreiteira Odebrecht.
Ele teria repassado 100 milhões de reais em espécie em 2010 a doleiros que abasteceram o chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, responsável pelo financiamento de campanhas eleitorais e pagamento de propinas a políticos. As investigações apontaram o repasse de propinas a gerentes da Petrobras na mesma época dos repasses aos doleiros.
"Há risco significativo e iminente, a um só tempo, para a ordem pública e para a aplicação da lei penal, o que torna a prisão de Paulo Preto imprescindível", disse o MPF em nota ao justificar a prisão do ex-diretor da Dersa.
"De fato, sua custódia é necessária em razão da gravidade concreta dos crimes de lavagem de dinheiro relacionado à corrupção, que envolveram mais de uma centena de milhões de reais, da reiteração e habitualidade na prática de crimes por mais de uma década, na atualidade da lavagem de dinheiro e na sua atuação deliberada para impedir o bloqueio e confisco de valores ilícitos."
De acordo com a PF, na operação desta terça, batizada de Ad Infinitum, 46 policiais federais cumprem 12 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba.
As investigações se basearam em depoimentos de colaboradores da Odebrecht e doleiros. A empreiteira, seus executivos e funcionários firmaram acordos de delação premiada com a Justiça, disse a PF. De acordo com o Ministério Público Federal em São Paulo, Paulo Preto já é réu em duas ações penais, uma envolvendo as obras do Rodoanel Sul e outra sobre as obras do Sistema Viário de São Paulo.
Representantes de Paulo Vieira de Souza e de Aloysio Nunes Ferreira, que foi chanceler no governo Michel Temer e atualmente é presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, comandado pelo governador João Doria (PSDB), não foram encontrados para comentar. ReutersReuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
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Sergio Moraes